domingo, 23 de maio de 2010

O Bolo de Natal


Na sexta feira eu estava morta de cansaço. Tinha me deitado na cama as 2h45 na véspera - por conta das encomendas para a sexta - e levantado as 7h. Passei o dia inteiro pensando em como seria bom tirar um cochilo, de meia-hora que fosse, lá pelas 19h, quando teria acabado as tarefas do dia e poderia deitar sem culpa.

Mas minha irmã de 11 anos me ligou dizendo que teria que passar algumas horinhas na minha casa, enquanto minha mãe resolvia alguma coisa. A primeira pergunta que ela me fez quando chegou em casa foi: o que a gente vai fazer? Fui sincera e disse que estava muito cansada e que pretendia tirar uma soneca, se ela não se importasse. Mas a carinha dela de despontada me deu muita dó. "Que tédio, cara!" ela soltou, numa dessas frases muito típicas de adolescente que eu amo. Me lembrei de como eu ficava entediada quando tinha a idade dela e como isso era ruim, e como eu gostaria de ter tido uma irmã mais velha pra me ajudar nesses momentos monótonos... Mas eu era filha única nessa altura do campeonato.

Enfim, decidi optar pela boa ação e ser altruista neste fim de tarde de sexta-feira. Ok, vamos fazer alguma coisa! O que? Um bolo! Óbvio, cara! (Ela está com essa mania irritante de dizer "cara" a cada 5 palavras). Mas tinha que ser um bolo fácil, cara. Tipo, eu vou lendo a receita aqui do sofá e você vai fazendo.

Nessa hora tocou a campainha de casa. Era a Maria Clara, filha da Tite (minha sócia), que tem um ou dois anos a mais do que a Maria, minha irmã. As duas decidiram fazer o bolo na forma que comprei essa semana já ansiosa para o Natal. É uma forma de árvore de natal e eu comprei porque este ano, pela primeira vez, o natal vai ser aqui na minha casa. Grande responsabilidade. Mas voltando ao bolo de sexta-feira, escolhemos uma receita do livro do Pierre Hermé que eu amo, é a primeira receita do livro e a foto é daquelas que todo mundo quando olha solta alguma expressão do tipo "Hmmmm" ou "Noooossa!".


As meninas fizeram quase tudo sozinhas. Corujices à parte, elas levam jeito para a coisa.


Quando o bolo saiu do forno ficamos as três emocionadas, estava lindo, parecia um brownie com aquela capinha lisa de chocolate brilhante. Mais emoção ainda quando desenformamos, deu tudo certo!


Agora a parte divertida. Peguei a caixinha aonde guardo os corantes que minha sogra me deu. Quase nunca uso, porque acho um pouco artificial demais... Mas as meninas adoraram brincar com as cores! Uma pena que eu não tinha verde verde, só verde limão e isso deixou a nossa árvore com uma cara meio "tropical".





E como elas estão nessa fase super NEON, amaram nossa árvore fluorescente.
Com o glace preparado que sobrou elas aproveitaram para fazer carinhas nos cupcakes que eu tinha em casa. Ficaram fofos!


Segue a receita do bolo para quem quiser se deliciar com o bolo mais fácil do mundo. Eu pensava que o bolo mais fácil era o "1,2,3" da vovó, mas esse aqui bateu todos os recordes.

Suzy's Cake
Pierre Hermé

250g chocolate meio amargo de boa qualidade, finamente picado
250g manteiga sem sal em temperatura ambiente
200g açucar
4 ovos grandes em temperatura ambiente
70g farinha de trigo

Pré-aqueça o forno a 180ºC e unte uma forma redonda de 24cm.
Derreta o chocolate em banho maria ou no microondas e deixe esfriar um pouco.
Bata a manteiga e o açucar. Adicione os ovos, um por vez.
Em velocidade baixa, acrescente o chocolate derretido e depois a farinha.
Asse por 30 minutos aproximadamente. Uma faca inserida no centro deve sair levemente "suja" de massa, é este o ponto do bolo, cuidado para não assar demais e ressecar.

Bom apetite!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Iglu

Há dois ou três anos atrás fui para Paris com meu marido e minha família. Certa noite, fazia muito frio, fomos jantar na agradável companhia do mestre Claude Troisgros, sua mulher Clarisse e os dois filhos dela. Fomos ao restaurante de um amigo do Claude, aonde, nunca me esqueço, comemos um peixe maravilhoso que vinha enterrado em sal grosso. (Na verdade eu e minha madrasta pedimos uma sopinha com massa sensacional, mas o que ficou na memória da família foi o peixe mesmo). O garçom trazia aquele "iglu" de sal e com muita delicadeza ia quebrando a grossa camada e retirando junto com ela a pele do peixe - depois o Claude nos contou que é preciso fazer uma mistura de gemas no sal para ele grudar daquela forma. E como mágica o peixe ia aparecendo, muito perfumado, muito fresco e bem molhadinho, porque o sal evita que a umidade saia do peixe enquanto ele assa no forno. Foi um jantar dos Deuses! E nós ficamos com essa imagem da caverninha de sal na cabeça por muito tempo.

Essa semana eu e meu marido estávamos em casa, com fome - pra variar - e pensando no que poderíamos inventar para o jantar. Começei a preparar uma massa com o que tinha na geladeira: shitake, alho poró, shoyo, creme de leite.



De repente percebi que ele estava aprontando alguma, pegou minha forminha de mini-bolo em formato de coração (porque era a menor da casa), forrou com papel alumínio, encheu de sal grosso e enterrou ali dois rabanetes. Deixou no forno por meia hora, e quando estávamos já saboreando meu espaguete improvisado - que aliás ficou muito bom - ele apareceu com a forminha saindo do forno. Me lembrei na hora daquele iglu maravilhoso de Paris e fiquei até emocionada.


Abrimos os rabanetes e, para nossa surpresa, eles estavam fantásticos! Ficaram macios, derretendo na boca. Eu nunca havia comido rabanete desta forma, só cru em rodelas fininhas na salada. Mas assado no sal grosso ele foi elevado para um outro patamar. Para completar colocamos um pouquinho de manteiga - sempre ela! - e sal nos rabanetes, ficaram realmente deliciosos! E lindos, pareciam duas metades de um coração (que romântico!).


Falando em banquetes e comida salgada, meus amigos queridos Caca e Katia Faro, famosos entre a família e os amigos pelos banquetes maravilhosos, estão agora com um serviço de Gastronomia em Casa. Você encomenda algum dos pratos divinos quando for servir um jantar ou almoço em casa e eles entregam tudo prontinho para servir. Falo por experiência própria: eles mandam muito bem na cozinha! Indico de olhos fechados - e boca aberta!

E finalmente, atendendo à pedidos, segue a receita que usei na massa do Bolo Oreo. É uma receita diferente, que leva iogurte e café, mas por isso mesmo o bolo fica com um gostinho bem especial! Boa Sorte!


SoNo Chocolate Ganache Cake
(adaptado do livro "The SoNo Baking Company Cookbook")

Ganache
450g chocolate meio amargo finamente picado
450g chocolate amargo finamente picado
4 xícaras creme de leite
1/4 xícara mel (de boa qualidade)
1/2 col. (chá) de sal
1 fava de baunilha, aberta ao meio
OU 1 col. (sopa) extrato de baunilha

Bolo de Chocolate
2 xícaras de farinha de trigo
1 1/3 xícaras cacau em pó sem açucar (de boa qualidade)
2 2/3 xícaras açucar granulado
1 1/2 col. (chá) fermento em pó
2 1/2 col. (chá) bicarbonato de sódio
1/2 col. (chá) sal
4 ovos grandes
2 col. (chá) extrato de baunilha
11 col. (sopa) manteiga sem sal, derretida
1 1/3 xícara café coado
1 1/3 xícara buttermilk (eu usei 2/3 iogurte e 1/3 leite, quando tenho dúvidas sobre este assunto consulto o post definitivo da Ana Elisa do La Cucinetta)

Para fazer a Ganache, misture creme de leite, mel, sal e as sementes da baunilha (se estiver usando a fava), colocando a fava na mistura depois de raspar. Ferva a mistura e jogue no chocolate picado. Espere 5 minutos para o chocolate derreter e misture até ficar homogêneo. Peneire em uma tigela, descartando a fava (se usando) ou acrescentando o extrato de baunilha. Cubra com plástico e espere até pegar ponto (mais ou menos 6 horas em temperatura ambiente ou 2 horas na geladeira, mexendo a cada meia hora).

Pré-aqueça o forno a 180º e unte 2 formas redondas de aproximadamente 22cm de diâmetro com manteiga e chocolate em pó.
Misture na batedeira: farinha, cacau, açucar, fermento, bicarbonato e sal. Adicione os ovos, baunilha, manteiga derretida, buttermilk e café.
Despeje nas formas e asse por 35 a 40 minutos.

Depois de esfriar, é só montar o bolo: uma camada de massa, uma de ganache, mais uma de massa e cobrir tudo com a Ganache. Bom Apetite!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Oreo

Na sexta-feira meu irmão mais novo - o mais velho deles - fez 15 anos. Eu queria dar um presente legal, mas como o $ estava curto tive que optar por algo criativo e diferente... Tarefa difícil quando se trata de um aniversariante adolescente. Minha sorte é que ele é um garoto muito simples, zero materialista. Gosta de jogar bola, assistir jogo de futebol, ver televisão comendo biscoito... Aliás, meu irmão ama biscoito, de todos os doces que faço o preferido dele é o cookie choc chip.


Minha irmã mais nova me lembrou que minha vizinha, amiga querida e agora sócia, Tite, tem uma forma de bolo muito legal, são duas metades de Oreo gigantes. Minha irmã ficou fascinada com a idéia de fazermos um bolo que fosse um Oreo gigante!


Decidi então fazer este bolo como presente para o meu irmão. A massa do bolo deveria ser bem escura para ficar parecendo um Oreo, e e recheio poderia ser algum tipo de buttercream ou alguma outra coisa que ficasse branquinha. Minha irmã sugeriu um recheio de sorvete de vanilla e achei a idéia genial. Meu irmão também ama sorvete de creme. Além do que o geladinho do sorvete combina muito mais com o nosso clima carioca-tropical do que o "manteigoso" buttercream.



Preparei tudo na véspera, o sorvete para ficar firme na forma de silicone - por sorte minha forma de sorvete tinha a mesma largura das formas do bolo - e o sorvete para passar a noite na geladeira e assim ficar mais denso, de forma que não despedaçasse quando fosse montado e depois fatiado. Fiz uma receita de bolo que fica muito bem na geladeira, daquelas que vai ficando melhor com o passar dos dias, mais molhadinha e saborosa.


Com a sobra da massa fiz cupcakes, acrescentando pedaços de Negresco nas forminhas antes de levá-las ao forno, assim manteria o mesmo "tema" para o parabéns com a família.


O bolo foi um sucesso no aniversário! Meu irmão amou o presente (não acreditou que eu mesma havia feito, ficava perguntando "mas foi você que fez??") e todo mundo comeu falando "hmmmmmm". Tem alguma coisa melhor do que ouvir isso quando comem algo que você fez?


quarta-feira, 12 de maio de 2010

Descanso Merecido

Passei o último final de semana no sítio. A idéia era cozinhar, comer e dormir bastante, mas acabamos fazendo mais as duas últimas atividades do que a primeira, tamanho o cansaço. Na sexta a noite jantamos um queijo quente na estrada e no sábado almoçamos em um restaurante alemão da cidade.
No sábado a tarde meus sogros chegaram com a avó e a tia avó do meu marido. Como toda a família ama cozinhar, decidimos fazer uma nova receita de massa de pizza. Usamos a receita do livro "Italian Grill" do Mario Batali. Ficou maravilhosa!
Postei a receita logo abaixo, é uma pena que eu tenha esquecido de tirar fotos... Quando a pizza saiu do forno à lenha a única coisa que pensei foi em comer, hahaha. Segue uma fotinho do sítio, a única que tirei em todo o final se semana.
No domingo almoçamos a feijoada deliciosa que a avó do meu marido havia levado pronta, e os bolinhos de bacalhau divinos que ela faz, fritinhos na hora. Hmmm, já estou com vontade de voltar pra lá!


Mario Batali's Pizza Dough

Ingredients

Makes about 1 3/4 pounds

  • 3 1/4 cups all-purpose flour, plus extra for dusting
  • 2 teaspoons instant or rapid-rise yeast
  • 1 tablespoon salt
  • 1 tablespoon sugar
  • 1 cup warm water
  • 1/4 cup dry white wine, at room temperature
  • 2 tablespoons plus 1 teaspoon extra-virgin olive oil

Directions

  1. In a large bowl, combine the flour, yeast, salt, and sugar and mix well. Make a well in the center of the dry ingredients and add the warm water, wine, and olive oil. Using a wooden spoon, stir the wet ingredients into the dry until the mixture is too stiff to stir, then mix with your hands in the bowl until the dough comes together and pulls away from the sides of the bowl.
  2. Lightly dust a work surface with flour and turn the dough out. Knead gently, dusting the work surface lightly with more flour as necessary, for 5 minutes, or until the dough is smooth, elastic, and only slightly sticky.
  3. Oil a large clean bowl, add the dough, and turn to coat. Cover the bowl with plastic wrap or a kitchen towel, set in a warm part of the kitchen, and let the dough rise until doubled in size, about 1 hour.
  4. Punch down the dough, and it is ready to use.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Mais Pão...

Depois da bem-sucedida experiência com os pãezinhos de batata, resolvi tentar uma receita de Pão Integral que meu amigo John me passou há quase 1 ano atrás e estava guardada na pastinha "Receitas" do meu computador até hoje. É uma receita que o irmão dele que vive na França faz para as crianças. É muito fácil, só jogar tudo na máquina e deixar a tecnologia fazer o seu trabalho.


Porém a receita que o John me passou estava em inglês, com a tradução para o português feita no Google Translate logo abaixo. A conversão das medidas estava tão confusa que achei mais seguro seguir a receita original que o irmão dele escreveu.


Confesso que achei um pouco estranho o primeiro parágrafo das instruções: "Primeiro coloque o fermento biológico na máquina, depois adicione todos os ingredientes secos". Mas como estava testando a receita pela primeira vez, decidi fazer o que ela pedia. Normalmente me arrependo de não confiar na minha intuição, mas costumo seguir à risca uma receita quando a faço pela primeira vez. E como eu imaginei, deu tudo errado.


Quando a máquina apitou, fomos abrir com aquela expectativa de criança com brinquedo novo, o cheirinho do pão já invadira a casa há um tempo e a fome começava a despertar. Mas para nossa decepção o pão parecia uma pedra de cachoeira, compacto e solado.


Acho que a nossa sorte naquele momento foi não ter outro pão em casa, portanto não havia outra solução a não ser tentar mais uma vez, desta vez ouvindo a intuição. Misturamos o fermento à água morna - eu me lembrava de ter visto a minha sogra fazendo isso quando fazia pão certa vez - e o incorporamos junto ao azeite, depois dos ingredientes secos. Desta vez deu tudo certo, o pão ficou lindo e delicioso! Comemos quentinho com manteiga e café com leite acompanhando, recomendo!


Segue a receita. Boa sorte!

Breadmaker bread recipe

Ingredients:

13oz Bread Flour – I use 1/3 White and 2/3 Wholemeal at present, because the kids prefer that, but you can use 100% Wholemeal, or any other proportions.

2 oz of seeds – I make up a bulk mixture of sunflower, pumpkin, sesame and linseed, and then scoop out what I need. You can use any other mixture of edible seeds, or do without the seeds if you don’t have any or don’t like them.

½ - ¾ tsp salt (depending on how salty or not you want it, but bread always needs some salt, and less than ½ tsp is getting critical. I find ¾ tsp is plenty, although it is probably about half of the amount you would get in a commercial loaf).

1 tablespoon or so of cheap olive oil (you can use expensive instead, but it’s a waste as you can’t really taste the difference – save the expensive olive oil for dipping the bread in after you have made it – you can use other cooking oils instead if you want to, but I prefer olive).

¼ tsp dried yeast (re-seal and save the rest of the packet for the next several times - yeast goes a long way in the breadmaker compared to when you make bread by hand, esp if you are setting it to make bread overnight, when the yeast has longer to multiply while waiting for the process to start).

275ml water.

Method:

Put the yeast in the breadmaker first

Add all the dry ingredients

Add the oil and water

Turn on the breadmaker – I just use the basic white bread program on ours – I find that the wholemeal program on ours does not make as pleasant a loaf – if you want to you can specify medium loaf, dark crust, but it should also work fine on the default settings.

Eat and enjoy!

Lots of love